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Artigo de Opinião

15/01/2024 08:00

Mais um sufrágio para a Assembleia da República.

Para eleger quem, no Estado português, passará a decidir sobre a Madeira.

Transferências de competências importantes, tivemos dos Governos Sá Carneiro, Balsemão, Cavaco e Durão Barroso. De resto, desde 1976, andamos a votar “para Lisboa”, só face a declarações genéricas “deles”. Porém sem qualquer utilidade para nós.

É altura de dizer ACABOU!

Ou os Líderes partidários nacionais, TODOS, nos dizem clara e concretamente o que no Estado farão em relação às principais questões decisivas para a Madeira. Apreciaremos e decidiremos.

Ou, então, “passem bem”!

Insisto. Da boca dos Líderes partidários nacionais. Pois dos candidatos de cá, apenas 6 serão eleitos. E, sós, não podem decidir o que for dependente de Lisboa.

É que, para além dos quase 6 séculos de espoliação histórica dos nossos recursos pela classe política de Lisboa e depois de ela virar as costas ao nosso esforço de aproveitar a União Europeia, por precaução convém não esquecer os percursos da dita classe política lisboeta.

Só alguns exemplos. Poucos para o que se passou.

Fundação de Lisboa enraizada na cultura fenícia de trocas e de usura, logo não produtiva.

A partir de meados do século XVIII, arrastou Portugal para a decadência e para um consequente atraso significativo em relação à Europa em desenvolvimento. O ouro do Brasil foi para distorcer a Economia, favorecendo as importações e rebentando a produção nacional de bens transacionáveis.

A Expansão Portuguesa feita apenas com resultados importantes nos domínios Científico e Cultural. Porém economicamente pouco expressiva, porque limitada apenas a pequenas feitorias comerciais e militares junto às costas marítimas e dependentes dos humores dos sobas locais. Exceção ao Brasil. E a Angola, só a partir do século XX.

Diferente do que a classe política de Lisboa, nos “seus” sucessivos regimes políticos, continua a “vender” nos manuais escolares da História (?...) de Portugal!

Após as invasões francesas e as guerras civis, e até à I Guerra Mundial, económico-politicamente a classe política de Lisboa fez o País funcionar em termos de protetorado britânico. Até porque os ingleses queriam assegurar os dinheiros que haviam emprestado à classe política dominante para as guerras internas que devastaram Portugal Continental.

E vejam esta. Quando Joaquim António de Aguiar, o “Mata-Frades”, por lei de 30 de Maio de 1834, expropria bens da Igreja Católica (serão pelo menos 450 grandes imóveis, muitos destes ainda hoje ocupados pelo Estado português como se neles tivesse investido), é através de varias aldrabices financeiras que favorece negociatas à classe política vencedora das guerras civis. Ao ponto de as hastas públicas dos referidos bens se realizarem SÓ EM LISBOA, e não nas respectivas comarcas!

A classe política, em Lisboa, fez o seu mais importante monumento pessoal a um dos maiores ditadores sanguinários da nossa História, o Marquês de Pombal. Responsável não só por um enorme descalabro económico e por muitas perseguições políticas e assassinatos, mas que também arrasou o Ensino em Portugal, ainda em 1950 com a maior taxa de analfabetismo da Europa.

Depois, a classe política de Lisboa “oferece-nos” o caos e um maior afundamento nacional, com a I República.

Por cá, os séculos correram com quase duas dezenas de revoltas e de revoluções feitas pelo Povo Madeirense, reprimidas sempre por Lisboa. E com especial dureza pela ditadura salazarista.

A classe política de Lisboa meteria o País nas guerras coloniais, a partir de 60, não percebendo duas coisas: As Colónias, a par das despesas militares, de investimento e correntes, apenas representavam 3 a 5% do PIB. Era impossível o pluralismo continental, racial e cultural sem Portugal ter um regime político democrático e descentralizador.

E qual a autoridade político-intelectual de Lisboa quando ao fim de 52 anos, nem a localização de um aeroporto é capaz de decidir?!...

Temos legitimidade para estar FARTOS!

Para 10 de Março, não pode continuar, para connosco, o paleio inconcreto da classe política de Lisboa. Como de pouco serve o que os Candidatos pela Madeira honestamente digam, nas suas vontades sérias.

Localmente, em parte já estamos esclarecidos depois de o candidato a Secretário-Geral do PS EM QUEM OS SOCIALISTAS PAROQUIAIS MAIS VOTARAM, aparecer cá a dizer “ser preciso travões na Autonomia”.

Mas o Povo Madeirense precisa de saber concretamente da boca de TODOS e CADA UM dos Líderes partidários nacionais:

1. Mais Autonomia Política. Sim ou Não?

2. Renegociação da Dívida Pública da Região Autónoma. Sim ou não, e em que termos?

3. Sistema Fiscal próprio? Sim ou Não?

4. Centro Internacional de Negócios da Madeira: sua defesa firme e sua paridade com os dos países da UE concorrentes. Podemos contar?...

5. Lei de Finanças Regionais. Que garantias ao Parlamento da Madeira?

6. Paridade estatutária e financeira da Universidade da Madeira em relação a todas as Universidades portuguesas? Sim ou não?

7. Controlo total do aeroporto, nossa propriedade, pela Região Autónoma da Madeira. Deixem-nos assumir as responsabilidades necessárias. Ou vão atrapalhar?...

8. Que evolução e aperfeiçoamento nos Transportes Marítimos e nas Telecomunicações? Percebem, ou não, a natureza arquipelágica de Portugal?

9. A fim de a Região Autónoma poder exercer o seu constitucional Poder Executivo próprio, quais as competências a transferir em matéria de Segurança Interna? Ou temos de estar “vigiados”?

10. Qual a dimensão a ser reconhecida e atribuída à Madeira, quer nas negociações em Lisboa, quer nas negociações com Bruxelas?

Numas eleições nacionais, é isto que, da parte do Estado central, o Povo Madeirense tem o Direito de ouvir da boca dos principais dirigentes partidárias nacionais.

E não as mediocridades e chachadas habituais cá da “paróquia”, que pouco têm a ver com estas eleições.

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